HISTÓRIA DO CADERNO - PARTE I - DA ANTIGUIDADE A BAIXA IDADE MÉDIA

Vamos falar um pouquinho sobre a história de um dos materiais mais comum em papelaria, que é o caderno.

Esta palavra deriva da palavra encadernação, que é o termo que designa qualquer junção de folhas, por qualquer processo,  para formar um volume compacto, via de regra cobrindo-o com uma capa para proteção e embelezamento ou simplesmente juntar as folhas de forma que seja mais fácil manuseá-las.

Posto isto, vamos ao assunto.



Esta necessidade da humanidade de comunicar-se desde os mais remotos tempos, levou-nos a estar sempre em busca de melhores suportes para realizar tal tarefa. Foram utilizados pelos nossos ancestrais as seguintes superfícies:

 
- paredes de cavernas (registros rupestres); 

- paredes rochosas; 

- pedras (lembram dos 10 mandamentos bíblicos); 

- ossos; 

- folhas de determinadas plantas; etc...


 

Em Santa Catarina, na praia do Santinho, temos algumas pinturas desta fase.







Estes suportes atenderam este objetivo nos primórdios da humanidade, mas para atender ao contínuo desenvolvimento da inteligência humana algo precisava mudar, pois as representações gráficas estavam se tornando cada vez mais complexas. Como caminho natural o homem então desenvolveu a ESCRITA. 

É preciso relembrar que "A escrita causou uma revolução tão significativa nas comunicações, que os historiadores estabeleceram o encerramento da Pré-História e o nascimento da História no período em que o homem começou a escrever. 

Apenas se conhecem épocas, povos e locais de onde se deram os primeiros registros escritos, os chamados cuneiformes, desenvolvidos pelos sumérios na Mesopotâmia, por volta de 4.000 A.C. 


Embora alguns historiadores situem seu aparecimento há mais de seis mil anos, o primeiro registro que se conhece é uma pequena lápide, encontrada nos alicerces de um templo em Al Ubaid. O construtor do templo escreveu nela o nome do seu rei. Esse rei pertenceu a uma dinastia entre 3150 e 3000 A..C.".1

Foram os egípcios os primeiros a fazer registros num suporte flexível denominado PAPIRO, que eram folhas rústicas obtidas a partir de um processo de produção que utilizava a planta de mesmo nome, a qual era abundante nas margens do Rio Nilo.



Foi um desenvolvimento realmente notável, visto que agora o suporte para os registros humanos alcançava uma flexibilidade no registro e no transporte, desconhecido até então. No entanto, devido a fragilidade deste material, as iniciativas de encadernação como conhecemos hoje foram mal sucedidas, e não restava alternativa a não ser guardar as folhas soltas ou em rolos.

Por volta do ano 400 A.C. na região de Pérgamo (onde hoje é a Turquia) surgiu  o pergaminho, o qual usava o couro lavado, esticado e seco de animais. Esta invenção aconteceu porque o rei egípcio Ptolomeu V proibiu a exportação do papiro para a região de Alexandria. Nesta época havia uma séria disputa pelo posto de possuidor da maior biblioteca do mundo conhecido, e com este boicote o egito tentava dificultar o crescimento da concorrente.

Por esta época, a forma comum de organização dos registros era o rolo, feito de folhas de pergaminho coladas lado a lado. Essa colagem era depois enrolada em dois bastões de madeira ou marfim. Assim, as pessoas poderiam ler o pergaminho da mesma maneira como estavam acostumadas com o papiro, ou seja, desenrolando de um lado e enrolando de outro.


Como uma opção mais avançada ao rolo de pergaminho, surgiu o códex ou códice (da palavra em latim que significa "livro", "bloco de madeira"). Esta opção utilizava como suporte a gravação em madeira, e gradativamente substituiu o pergaminho como suporte da escrita. Os romanos o chamava de quatemi, termo que deu origem ao nome CADERNO.


Importantes manuscritos da era antiga tardia até a Idade Média encontram-se com esta forma de suporte. São documentos que foram fundamentais no desenvolvimento da humanidade, nas várias áreas do conhecimento humano, inclusive espiritual. Como exemplo podemos citar: 
- Codex Alexandrinus;
- Codex Vaticanus;
- Biblioteca de Nag Hammadi; 
- Codex Gigas;
- Book of Kells;
- Códices Maias.

Posteriormente deu-se o desenvolvimento de uma opção ao rolo, a saber, o pergaminho era dobrado duas vezes e formava assim quatro páginas. Suas folhas eram então costuradas com nervos de animais e tiras de couro, o que lhe conferia um formato parecido com o dos livros atuais. 

Aparecia ai a primeira forma de encadernação como conhecemos no mundo atualmente.

Paralelamente a estes acontecimentos, no extremo oriente, no ano 105 D.C. um chinês chamado Cai Lun (ou T'sai Lun), alto funcionário da corte do imperador Chien-Ch'u, da dinastia Han (206 A.C. a 202 D.C.), contemporânea do reinado de Trajano em Roma, desenvolveu um material inovador, obtido num processo que utilizava polpação de redes de pesca e trapos (mais tarde passou-se ao uso de fibras vegetais).

Nasceu assim um dos grandes inventos da humanidade: o PAPEL.
  
A invençao do papel é considerada pelos historiadores em geral como uma das 4 grandes invenções da China e a mesma possibilitou que os registros históricos chineses abandonassem o modo tradicional de escrever em bambús.

Diferentemente do papiro o papel apresentava excelente resistência a várias formas de encadernação,  fato que contribuiu enormemente para seu sucesso como suporte de registro histórico.

Por volta do século III D.C., na Roma antiga, os chamados "avós" dos cadernos de nossos dias foram se aperfeiçoando e, tendo folhas mais finas de pergaminho e às vezes coloridas, chamadas de livretes, passando a ser encadernados com chapas de marfim decoradas e se tornaram objetos de grande valor ao ponto de servir como presente a pessoas importantes, contendo dedicatórias e poemas. Estes também foram chamados de hombook (hom= chifre; book=livro).

Como podemos depreender na Roma Antiga o pessoal apreciava e valorizava o trabalho de personalização dos cadernos e suas capas (e olha que eles desconheciam termos como: patchwork, customização, etc...).

Fonte de pesquisa:
- Revista ciência hoje. nº 176
- A escrita na História da humanidade - Eduardo de Castro Gomes1
- Wikipédia





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